Anestesia no paciente com derrame pericárdico
um caso incomum de pericardite efusiva-constritiva
Resumo
Introdução: A tuberculose ainda é uma doença extremamente prevalente no Brasil. O seu espectro de acometimento pode variar desde indivíduos assintomáticos até casos graves com sequelas relevantes, as quais podem impactar diretamente no desfecho do ato anestésico-cirúrgico. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar um caso raro de um paciente jovem, porém com manifestações cardiovasculares graves da tuberculose, devido ao acometimento do pericárdio, evoluindo com a pericardite efusiva-constritiva e importante instabilidade hemodinâmica intraoperatória, após a anestesia geral. Metodologia: Pesquisa descritiva, observacional do tipo transversal (relato de caso). Discussão: Neste relato, deu-se enfoque às consequências da pericardite efusiva-constritiva na condução da anestesia (nível de monitorização hemodinâmica, tipo de técnica anestésica e drogas vasoativas), bem como os cuidados que a equipe deve ter, frente a um paciente com esta condição, objetivando a diminuição da morbimortalidade. Agentes anestésicos como a cetamina e óxido nitroso parecem ser drogas mais seguras em pacientes graves do ponto de vista hemodinâmico. Nos casos de tamponamento, esses pacientes podem se beneficiar de punção pericárdica antes da indução anestésica. Nestes casos, drogas vasoativas e inotrópicas podem ser usadas para modular os efeitos cardiodepressores dos agentes anestésicos. Conclusão: A pericardite efusiva-constritiva pode se mostrar uma condição extremamente desafiadora, principalmente, em pacientes jovens com sintomas graves e adaptados. É de extrema importância a avaliação pormenorizada do paciente, além de alinhar a escolha correta dos agentes anestésicos às metas hemodinâmicas, antecipando situações críticas e, assim, obter-se resultados mais favoráveis.