Grande estratégia e poder naval em um mundo em fluxo
Resumo
No dia 2 de janeiro, um atentado a bomba em Beirute feriu 60 pessoas
e tirou a vida de pelo menos cinco, entre elas a da cidadã brasileira Malak
Zahwe. A jovem Malak, nascida em Foz do Iguaçu, morava com a família no
Líbano, e estava fazendo compras com sua madrasta em uma loja quando
a explosão ocorreu. O atentado enlutou o Líbano, mas também o Brasil.
Uma grande comunidade libanesa vive entre nós, e um número
crescente de brasileiros reside no Líbano. Temos uma ligação próxima e
direta com aquele país. Como nos recordou o bárbaro atentado de janeiro,
essa ligação é, acima de tudo, uma ligação humana. Situações trágicas como
essa reforçam, no Brasil, a compreensão de que somos parte da sociedade
global e que temos um papel a desempenhar nela.
A indiferença frente aos desafios com que nos deparamos no estrangeiro
não é mais cabível – se é que algum dia o foi. Basta lembrar como disputas
aparentemente distantes, como a questão dos Sudetos tchecos ou a
remilitarização da Renânia terminariam por nos arrastar à Segunda Guerra
Mundial. Atitudes isolacionistas, que ainda encontram advogados, revelam
não apenas insensibilidade, mas também alta dose de irrealismo.
Temos um interesse claro na paz mundial, e devemos contribuir para
preservá-la. Para esse fim, o Brasil deve adotar uma grande estratégia que
conjugue política externa e política de defesa. Além da proteção de seus
interesses, dever fundamental, o Brasil tem também a vocação de ser um
país “provedor da paz”. Naturalmente, a diplomacia é a primeira linha de
defesa dos nossos interesses. Mas ela deve ter sempre o respaldo permanente
da política de defesa.